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Formação Profissional: espaços e desafios

  • Foto do escritor: Espaço Teares
    Espaço Teares
  • 14 de ago. de 2018
  • 2 min de leitura


A formação profissional do psicólogo é um processo permanente suscitado por uma atitude de curiosidade e interesse, um estar atento ao que circula entre nós, em nosso tempo. É uma produção transdisciplinar que faz fugir fronteiras e abre porosidades entre campos de conhecimento, arte e cultura.


A psicologia como profissão foi regulamentada no Brasil em 1962.


De lá pra cá muitas mudanças.

Durante certo tempo, a formação em psicologia privilegiou uma abordagem da subjetividade em termos de categorias como mundo interno, interioridade, eu, provocando cisões entre sujeito e sociedade, dentro e fora, psicologia e política. Sob esta perspectiva, as práticas do profissional recaíam sobre o sofrimento dos sujeitos, seus traumas e enredo familiar, sem a problematização da produção dos processos de subjetivação e sofrimento no campo social. Entrelaçada com diversos interesses sociais e políticos, esta narrativa da psicologia afirmava uma aliança com a normalização e a adaptação dos sujeitos ao invés de incentivar a autonomia e os processos de singularização. Longe da neutralidade e da objetividade que supostamente forjava o campo psi, tínhamos a afirmação de uma política que apoiou práticas corretivas e domesticação dos modos de ser no período da ditadura no Brasil e dentro de algumas instituições de saúde mental. Esta versão da psicologia travou embates com a psicologia comunitária e a psicologia social, que historicamente disputaram espaço na formação profissional.


Chegamos à década de 80 com importantes mobilizações sociais e provocações à psicologia: cenário de democratização, a reforma psiquiátrica, militâncias em defesa de políticas sociais, movimentos em defesa da criança e do adolescente, criação do Sistema Único de Saúde (SUS)... a suposta neutralidade foi para os ares!

A vida entrou com mais vigor nas universidades, provocando debates, agitando com intensidade categorias, modelos e técnicas. Fomos convocados ao diálogo com as pautas sociais, reflexões sobre a conexão social e política da psicologia e sua dimensão ética.


Neste percurso multiplicaram-se os cursos de graduação, com abertura de inúmeras instituições de ensino privadas pelo país. Democratização do acesso à universidade, disseminação do conhecimento psicológico, ampliação do número de profissionais, abertura de novos campos de atuação. Mas e a formação, como vem sendo pensada, construída e ofertada em nossa contemporaneidade?


Em tempos de velocidade de informações, proliferação de diagnósticos e inovações teórico-metodológicas, temos uma formação que muitas vezes investe na aquisição de conhecimentos e técnicas, em modos de fazer, despidos de uma leitura crítica. Tal formação produz o aluno consumidor, o futuro psicólogo que carrega uma variedade de artifícios técnicos, porém sem a necessária atitude interrogativa que implica, suspeita, questiona, observa, discute, analisa.


É urgente que tenhamos um olhar analítico e uma postura de espreita em relação às propostas formativas. Em que consiste um processo de formação em psicologia? De que composições é feito?

A formação profissional se faz pelas conexões produzidas entre o aprendizado dentro e fora dos muros universitários, pelas aberturas que possibilitam o diálogo entre saberes e experiências, com doses de estranhamentos e experimentações, ingredientes da literatura, cinema, poesia, música e outros dispositivos que fabriquem porosidades e inventividade. Trata-se de uma aposta na processualidade, na potência do pensamento crítico e na ampliação de sensibilidades, ferramentas indispensáveis ao psicólogo.


Ana Cristina Sundfeld

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