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Perdas e Lutos como processo de (des)construção subjetiva

  • Foto do escritor: Espaço Teares
    Espaço Teares
  • 15 de jun. de 2018
  • 2 min de leitura

Uma breve reflexão sobre o fazer do trabalhador da área da Saúde.

Mito de Sisifo, Tiziano, 1549

Eduardo Galeano ( 1988) em seu livro , As veias abertas da América Latina, diz “cada ser humano entra na morte como melhor lhe parece. Alguns, em silêncio, caminhando na ponta dos pés; outros recuando; outros pedindo perdão ou licença. Há quem entre discutindo ou exigindo explicações e há quem abra caminho a pauladas e xingando. Há quem abrace. Há os que fecham os olhos; há quem chore!

E é a partir dessa citação que podemos pensar como as situações de perda e luto, são sempre experiências desorganizadoras do eu, que prejudicam a qualidade de vida e perturbam a esfera relacional do sujeito. É um processo de ruptura transversal que pode ocorrer naturalmente dentro dos ciclos da vida como algo esperado ou previsto, assim como pode ocorrer em situações imprevisíveis, fatalidades que obrigam o sujeito à novas adaptações físicas, sociais, emocionais e espirituais. Situações estas em que o sentido da vida sempre é pensado e repensado, não somente por aqueles que perdem um ente querido, famílias, amigos, mas também pelos profissionais de saúde.


Apesar de todo desenvolvimento científico e tecnológico de nossa civilização, para o Homem poder entender a vida, ainda somos extremamente vulneráveis e inseguros diante da morte e insistimos em continuar nos digladiando com a única certeza que temos na vida que é a finitude e a nossa limitação diante dela. Vivemos num constante processo de ocultamento e negação da morte e dos sentimentos que lhe são inerentes.


Esse conflito vem sendo descrito na literatura científica e apontam para a necessidade urgente de cuidar dos profissionais da saúde, os quais encontram constante pressão e muitas vezes se afastam de suas atividades ou desenvolvem patologias derivadas do estresse e das formas mal elaboradas das perdas e lutos vivenciados nas Instituições de Saúde.


Daí porque não pensarmos como estes processos se constroem e (dês) constroem como no mito de Sísifo na fala de “Albert Camus.


O autor, esboça o Mito de Sísifo, que desafiou os deuses, quando capturado sofreu uma punição: para toda eternidade, ele teria que empurrar uma pedra de uma montanha, até o topo; a pedra rolaria para baixo e ele novamente teria que recomeçar tudo. Camus, vê em Sísifo o ser que vive a vida ao máximo, odeia a morte e é condenado a uma tarefa sem sentido, como herói absurdo. Não obstante reconhecer a falta de sentido, Sísifo continua executando sua tarefa diária e apresenta o mito para trabalhar uma metáfora sobre a vida moderna, como trabalhador em empregos em fábricas e escritórios...(Camus, A. O mito de Sísifo, 2008). Não obstante o trabalhador da Saúde hoje também trabalha todos os dias fazendo as mesmas tarefas e esse destino não é menos absurdo. Mas é trágico quando em raros momentos ele se torna consciente de sua luta marcada pelas dificuldades e pelo sofrimento.

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